A higienização ambiental e a validação deste procedimento, sempre estiveram diretamente relacionadas com a garantia de um produto final seguro. Com a chegada da COVID-19, estes procedimentos ganharam ainda mais importância dentro da indústria, bem como em diversos outros setores.

 

Higienização: Limpeza e desinfecção

Apesar das superfícies contaminadas serem um possível meio de transmissão do novo coronavírus, este vírus possui maior suscetibilidade aos procedimentos padrões de sanitização. Esta característica se deve ao fato deste vírus ser envelopado, possuindo uma camada externa lipídica que o torna mais sensível aos procedimentos de limpeza quando comparado aos vírus não-envelopados.  

Logo, apesar de estudos mostrarem a capacidade do vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, permanecer ativo em diferente materiais testados (papelão, aço inoxidável, plástico, entre outros) por horas ou até dias, procedimentos de higienização devidamente realizados, validados e monitorados, são capazes de manter o ambiente livre do vírus.

A higienização ambiental deve ser composta por duas etapas, sendo elas a limpeza e a desinfecção

  • Limpeza: Este procedimento envolve água, sabão (ou detergente) e ação mecânica. O objetivo deste processo é reduzir ou remover por completo a sujeira do ambiente. Vale ressaltar que a matéria orgânica é capaz de impedir a ação adequada dos desinfetantes.
  • Desinfecção: Este procedimento envolve a ação de desinfetantes, que são aplicados com o objetivo de eliminar os microrganismos presentes. Para que o produto escolhido tenha a ação desejada, ele deve ser usado conforme as instruções do fabricante. O tempo de ação e a concentração do produto devem ser respeitados, para que o procedimento realizado seja eficaz.

O desinfetante utilizado na higienização ambiental deve ser escolhido seguindo critérios, como: o microrganismo que deseja-se eliminar, a concentração, o tempo de contato, a compatibilidade do produto com a superfície que deseja-se higienizar, a toxicidade do produto, a facilidade de uso e a estabilidade do mesmo.

Um dos produtos mais utilizados no processo de desinfecção tem sido o álcool 70%, dessa forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da Nota Técnica 26/2020, estabeleceu uma lista de saneantes capazes de substituir o álcool 70% na desinfecção de superfícies.

Devido a facilidade de transmissão da COVID-19, locais tocados frequentemente e por maior número pessoas, os chamados high touch points, devem ser prioritariamente higienizados e este procedimento deve ser validado e monitorado.

 

Validação do processo de higienização

A higienização possui papel fundamental na garantia de um produto final seguro. Além disso, a validação deste procedimento é essencial para o alcance deste objetivo. Define-se validação a comprovação de forma documentada, que o processo, procedimento ou método aplicado é eficaz e cumpre com o seu objetivo. Uma outra etapa importante é o monitoramento, que é uma maneira de avaliar se as medidas de controle estão sendo realizadas conforme o estabelecido.

De acordo com o US Food & Drug Administration (FDA), assim como na validação de outros processos, a validação da higienização não é algo fixo, ou seja, existem diferentes formas de se realizar este processo. Logo, a maneira de testar um processo de validação é através de dados científicos, que mostrem a eficácia do procedimento. 

Segundo um documento do European Hygienic Engineering & Design Group (EHEDG), normalmente procedimentos de validação de higienização são realizados para limpezas críticas e quando existe risco de contaminação por algum perigo. Sendo assim, é notável a importância deste processo quando se trata do novo coronavírus.

Juntando a facilidade de transmissão do novo coronavírus e a possibilidade do mesmo ser transmitido via superfícies contaminadas, com a sensibilidade do vírus aos procedimentos comuns de higienização, alerta-se para a necessidade de validar os procedimentos que estão sendo realizados, como forma de assegurar um ambiente livre do vírus, que seja seguro aos colaboradores. 

 

Como a biologia molecular pode auxiliar a sua empresa neste processo?

Através das análises de RT-PCR, é possível analisar se o vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, está presente na sua empresa. Esta análise é a mais indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para detecção do novo coronavírus. Esta recomendação deve-se ao fato desta análise ser altamente sensível e detectar diretamente o material genético do vírus, seu RNA.

Análises ambientais para detecção do novo coronavírus são de extrema importância para garantir que os procedimentos de higienização realizados pela sua empresa estão sendo eficazes e que o ambiente se encontra livre do vírus. Além disso, através de um monitoramento ambiental, conseguimos avaliar as medidas realizadas.

As empresas precisam continuar funcionando, produzindo e empregando pessoas. Desta forma, entendemos que a biologia molecular pode ser, mais uma vez, uma grande aliada. 

 

Referências

BRASIL. ANVISA. Nota Técnica 26/2020 de 23 de abril de 2020. Apresenta recomendações sobre produtos saneantes que possam substituir o álcool 70% na desinfecção de superfícies, durante a pandemia da COVID-19. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/4340788/SEI_ANVISA+-+0964813+-+Nota+T%C3%A9cnica.pdf/71c341ad-6eec-4b7f-b1e6-8d86d867e489> Acesso em: 18 de mai de 2020.

European Hygienic Engineering & Design Group (EHEDG). Validação de limpeza na indústria de Alimentos – Princípios Gerais. 2016. Disponível em: <https://www.ehedg.org/guidelines/free-documents/>. Acesso em: 18 de mai de 22020.

Food & Drug Administration (FDA). Validation of Cleaning Processes. 2014. Disponível em: <https://www.fda.gov/validation-cleaning-processes-793>. Acesso em: 18 de mai de 2020. 

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Cleaning and disinfection of environmental surfaces in the context of COVID-19: Interim guidance. 2020.