O teste molecular, realizado por RT-PCR, permite uma ação imediata frente a disseminação do novo coronavírus. Com a chegada da COVID-19 as empresas tiveram que se adaptar e encontrar formas de lidar com a situação. Para enfrentar esta realidade, detectar indivíduos infectados e separá-los para evitar a disseminação da doença tornou-se de suma importância.

 

O cenário atual da pandemia no Brasil

A COVID-19 chegou ao Brasil em fevereiro de 2020 e desde então o número de casos cresce a cada dia. Até o momento, o país registrou mais de 290 mil casos da doença e caminha rumo aos 19 mil mortos. A região sudeste é a que mais registra casos e óbitos em decorrência da COVID-19.

A partir do dia 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença uma pandemia, diversas atitudes foram tomadas com o objetivo de barrar a disseminação do vírus. Com isso, a quarentena foi declarada, escolas fecharam, eventos foram cancelados e apenas serviços considerados essenciais permaneceram funcionando.

As empresas que continuaram suas atividades por serem consideradas essenciais, entre elas, as indústria de alimentos, tiveram que adotar diversos cuidados extras, para garantir a saúde de seus colaboradores e a segurança de seus produtos. Mesmo assim, algumas empresas tiveram casos de COVID-19 entre seus funcionários e enfrentaram problemas relacionados a esta situação. Os frigoríficos enfrentam uma situação delicada, onde tem sido registrado casos de funcionários contaminados que estão acarretando na interdição das atividades nas plantas industriais.

 

Importância da testagem dos indivíduos no cenário atual da pandemia

A grande quantidade de pessoas assintomáticas, ou seja, aquelas que estão infectadas pela COVID-19, porém não apresentam sintomas, potencializam a disseminação do vírus. Por este motivo, os testes ganham ainda mais importância e possibilitam uma menor taxa de transmissão do vírus. Isso ocorre pois conseguimos identificar estas pessoas que estão infectadas, porém sem sintomas, e isolá-las o quanto antes.

Países que adotaram medidas preventivas e realizam testes em massa na população, conseguiram enfrentar a doença de uma forma diferente. Na Islândia, por exemplo, antes mesmo da pandemia ser declarada, os testes já estavam sendo realizados na população. Com isso, as autoridades de saúde conseguiram detectar casos de pessoas assintomáticas e desta forma, colocá-las em isolamento. Esta ação garantiu que estas pessoas não infectassem outras, uma vez que, caso não tivessem sido testadas, por não apresentarem sintomas, não saberiam que estavam contaminadas e continuariam a sua vida normal, o que acabaria resultando na disseminação do vírus.

Atualmente possuímos 2 tipos de testes para diagnóstico da COVID-19, o molecular e o sorológico. O teste molecular é chamado de RT-PCR e é realizado através de uma coleta na nasofaringe e indica se a pessoa está contaminada no momento do teste. Já o sorológico, conhecido como teste rápido, é realizado através do sangue e indica se a pessoa teve contato com o vírus em algum momento.

 

Por que o RT-PCR é a opção mais adequada neste momento?

O teste que utiliza a metodologia RT-PCR detecta diretamente o material genético do vírus, o seu RNA. Por este motivo, o teste possui maior sensibilidade quando comparado às outras opções de testes disponíveis. Além disso, é o teste mais indicado pela OMS na detecção do vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19.

Já os testes rápidos, que ficaram conhecidos no diagnóstico da COVID-19, são testes que detectam o anticorpo que o organismo produz quando entra em contato com um antígeno, neste caso, o vírus. Desta forma, estes testes detectam se a pessoa teve ou não contato com o vírus, mas não significa que no momento do teste ela ainda esteja infectada. 

Sendo assim, por detectar se a pessoa está doente no momento do teste, o RT-PCR, permite que ações imediatas sejam tomadas, evitando que pessoas contaminadas continuem disseminando o vírus.

 

Então o teste rápido não é mais rápido?

Esses testes são assim chamados devido a velocidade com que seus resultados são entregues. Isto porque estes testes não necessitam de laboratórios específicos e de equipamentos sofisticados. Apesar de seu resultado ser entregue rapidamente, o diagnóstico da doença pode ser tardio, uma vez que os anticorpos, detectados nestes testes, começam a ser produzido cerca de 7 dias depois da infecção e podem ser produzidos por um longo período de tempo. Logo, quando estes testes são realizados, não necessariamente a pessoa testada ainda é capaz de contaminar outras. Além disso, os testes rápidos têm apresentado baixa sensibilidade e especificidade, com um número alto de falsos positivos e falsos negativos.

Apesar do teste por RT-PCR apresentar um tempo maior para entrega dos resultados, é a opção mais adequada para o momento atual da pandemia, pois além de ser uma análise altamente sensível, detecta se a pessoa está ou não infectada pelo vírus no momento do teste, possibilitando que que a mesma seja rapidamente isolada e não contamine outras. Este teste também possui grande importância na detecção dos indivíduos assintomáticos.

É importante ressaltar que cada teste possui a sua faixa de aplicação e as suas vantagens. Entender a necessidade de identificar as pessoas contaminadas neste momento da pandemia é de suma importância. O teste não é responsável por resolver a pandemia, mas permite a tomada de ações de saúde coletiva, pois muito além de identificar quem está doente, eles nos permitem ter controle, evitando que as pessoas infectadas continuem circulando e disseminando o vírus.

 

Referências

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Painel Coronavírus. Disponível em: <https://covid.saude.gov.br/>. Acesso em: 20 de mai de 2020.

Evolução dos casos de coronavírus no Brasil. EL PAÍS, 20 de mai de 2020. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-04-15/evolucao-dos-casos-de-coronavirus-no-brasil.html>. Acesso em: 20 de mai de 2020.

Estudo mostra acerto da Islândia em massificar testes precoces de covid-19. EXAME, 15 de abr de 2020. Disponível em: <https://exame.com/ciencia/estudo-mostra-acerto-da-islandia-em-massificar-testes-precoces-de-covid-19/>. Acesso em: 19 de mai de 2020.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Pesquisador fala sobre teste nas diversas fases da pandemia. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisador-fala-sobre-testes-nas-diversas-fases-da-pandemia>. Acesso em: 21 de mai de 2020.