O avanço da COVID-19 pelo mundo fez com que as empresas de serviços essenciais, como por exemplo, a indústria de alimentos, tivessem que se adaptar a uma nova realidade. Estas empresas precisam continuar funcionando normalmente para garantir o abastecimento da população, porém, a disseminação da COVID-19 nas suas plantas industriais tem gerado uma série de problemas.

 

Avanço da COVID-19 nas indústrias de alimentos

 

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, onde a doença tomou grandes proporções, diversos animais que seriam destinados à produção vem sendo abatidos para descarte. Até o momento, cerca de 10 milhões de aves e 2 milhões de suínos já foram abatidos e descartados. Estes números devem-se ao fato de diversas plantas industriais fecharem com casos de contaminação pela COVID-19 entre seus funcionários. Sendo assim, por não estarem sendo processados, os animais estão sendo abatidos pelas empresas e descartados. O setor de avicultura também enfrenta problemas, e ovos que seriam destinados à produção de pintinhos começaram a ser quebrados.

Os mais atingidos pela necessidade de abate para descarte são as aves e os porcos, a produção de bovinos é menos atingida, uma vez que é mais fácil mantê-los nas fazendas. As projeções para o setor de suínos é que até setembro, caso a produção não retorne com pelo menos 85% da capacidade, mais de 10 milhões de porcos sejam abatidos para descarte.

Ainda nos Estados Unidos, 115 plantas de processamento de carnes e aves relataram casos de COVID-19 entre seus colaboradores. Destas, entre 30 e 40 plantas paralisaram suas atividades. Grandes empresas, como a Tyson Foods e a Smithfield Foods, tiveram quedas de até 50% na produção. Uma das unidade do grupo Smithfield Foods, a fábrica de processamento de porcos Smithfield localizada na cidade Sioux Falls, fechou em meados de abril depois de se tornar foco da COVID-19 nos Estados Unidos. Foram diagnosticadas cerca de 644 casos de pessoas contaminadas pela doença, entre funcionários e pessoas que foram contaminadas por eles. Apenas esta fábrica tem capacidade de processar 19,5 mil porcos por dia e emprega cerca de 3,7 mil trabalhadores na cidade.

 

Brasil

No Brasil, os frigoríficos também enfrentam grandes problemas em decorrência da COVID-19. No Rio Grande do Sul, 4 plantas tiveram que interromper a produção de forma total ou parcial devido aos surtos de coronavírus. Neste estado, o número de casos confirmados entre trabalhadores representa cerca de 32% do total de casos do Rio Grande do Sul. No estado, 21 frigoríficos tiveram casos de trabalhadores contaminados pela COVID-19, estas plantas, empregam juntas cerca de 40% da mão de obra total do setor no estado.

Em um frigorífico localizado no estado do Rio Grande do Sul, o número de casos foi de 10 para 60 em apenas 4 dias. Os dados totais do estado estão sendo divulgados semanalmente por meio de boletins epidemiológicos. No início de maio foram registrados 240 casos confirmados da COVID-19 em frigoríficos e duas semanas depois esse número subiu para 528.

No Brasil, algumas grandes empresas já assinaram o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a finalidade de adequar as condições de trabalho nas plantas industriais e reduzir a disseminação do novo coronavírus. É necessário agir preventivamente neste momento, evitando maiores problemas e prejuízos onerosos.

 

Como evitar o avanço da COVID-19 dentro da sua empresa?

O avanço da COVID-19 nas empresas de serviços essenciais traz a necessidade de que ações imediatas sejam tomadas. Investimentos preventivos precisam ser feitos, para evitar um problema ainda maior.

Além dos cuidados redobrados com a limpeza e desinfecção dos ambientes, higiene dos colaboradores, distanciamento entre funcionários e uma série de outras medidas que estão sendo indicadas para evitar a disseminação da COVID-19, é necessário ter certeza de que elas estão sendo efetivas e que pessoas e ambientes se encontram seguros para as atividades. Desta forma, chamamos atenção para a importância da aplicação de testes em massa nos colaboradores e a avaliação das superfícies frequentemente tocadas dentro da empresa.

Técnicas de RT-PCR são as mais indicadas para tais avaliações. Nas pessoas, elas detectam a presença do vírus no momento da análise, permitindo que ações imediatas sejam tomadas, como o afastamento do colaborador, evitando a disseminação da doença entre os demais colaboradores. Esta técnica também é utilizada na detecção do vírus em superfícies, uma vez que as mesmas são consideradas meios de transmissão, e permitem a avaliação da eficácia dos procedimentos de higienização realizados. Estas análises devem fazem parte do plano de gestão de riscos da empresa.

A COVID-19 se tornou uma grande preocupação dentro das empresas de serviços essenciais, em especial, a indústria de alimentos. Neste momento é necessário agir preventivamente, evitando que a situação se torne mais grave e difícil de contornar.

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Referências

A remota processadora de carnes nos EUA que se tornou maior foco de COVID-19 no país. BBC, 22 de abr de 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52352657>. Acesso em: 28 de mai de 2020.

Contágio por COVID-19 afeta produção em frigoríficos. Tribuna Online, 25 de mai de 2020. Disponível em: <https://tribunaonline.com.br/contagio-por-covid-19-afeta-producao-em-frigorificos>. Acesso em: 28 de mai de 2020.

Coronavírus: Frigoríficos concentram um terço dos casos de covid-19 no RS, diz Ministério Público do Trabalho. BBC, 26 de mai de 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52802100>. Acesso em: 28 de mai de 2020.

Coronavírus: O avanço silencioso da COVID-19 em frigoríficos do Brasil. BBC, 13 de mai de 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52643096>. Acesso em: 28 de mai de 2020.

Fechamento de frigoríficos nos EUA gera abate de animais por asfixia, afogamento e tiro. Folha de S. Paulo, 19 de mai de 2020. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/05/fechamento-de-frigorificos-nos-eua-gera-abate-de-animais-por-asfixia-afogamento-e-tiro.shtml?cmpid=assmob&origin=folha>. Acesso em: 28 de mai de 2020.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Boletim epidemiológico 18 – COVID-2019. Disponível em: <https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202005/06095855-boletim-epidemiologico-covid-19-coers-se-18.pdf>. Acesso em: 28 de mai de 2020.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Boletim epidemiológico 20 – COVID-2019. Disponível em: <https://coronavirus.rs.gov.br/upload/arquivos/202005/20164445-boletim-epidemiologico-covid-19-coers-se-20.pdf>. Acesso em: 28 de mai de 2020.