Baseado em estudos genômicos, o gênero Salmonella é dividido em duas espécies: Salmonella enterica – agrupa mais de 2500 sorotipos – e Salmonella Bongori – agrupa 22 sorotipos.

Mesmo com o número elevado de sorotipos já descritos, existem menos de 100 conhecidos como patógenos humanos.

A maioria dos sorotipos não possui hospedeiro específico, podendo ser encontradas em diversas espécies. No entanto, alguns poucos apresentam preferência por um hospedeiro.

⦁ S. Typhi e S. Paratyphi A: acometem os humanos;

S. Abortusovis: ovinos; ⦁ S. Abortusovis: ovinos;

S. Abortusequi: equinos;⦁ S. Abortusequi: equinos;

S. Gallinarum e S. Pullorum: aves;

S. Dublin: bovinos;

S. Choleraesuis: suínos.

Um estudo com 37 países que participam da World Health Organization Global Foodborne Infections Network, analisou a distribuição global dos 15 sorotipos de Salmonella mais frequentes em humanos, coletados entre 2001 e 2007.

Os resultados desse trabalho mostraram que a espécie mais comumente patogênico é a Salmonella enterica e as cepas mais predominantes nas regiões do estudo foram Enteritidis, encontrados em média em 43,5% dos casos, e Typhimurium 17,1% dos casos.

As únicas regiões que não seguiram esse espectro foram na Oceania e na América do Norte, apresentando maior prevalência da Typhimurium seguida pela Enteritidis.

Os sorotipos Newport (3,5 % dos casos), Infantis (1,8%), Virchow (1,5%), Hadar (1,5%) e Agona (0,8%) também apresentaram uma alta taxa de infecções, mas com grandes diferenças entre as regiões. Os dados deste estudo exemplificam a complexidade da epidemiologia global da Salmonella.

 

Em quais alimentos a Salmonella é encontrada?

 

Como o principal habitat dessa bactéria é o trato intestinal, os principais casos de contaminação de alimentos são ovos, carnes e o leite.

Quando consumidos crus e/ou sem a devida higiene, podem permanecer contaminados e transmitir a Salmonella.

Como citado anteriormente, as Salmonellas são difundidas geograficamente em todo o mundo.

A constituição genética desta bactéria permite sua adaptação a uma variedade de ambientes e animais, sendo o seu principal habitat o trato intestinal.

No ambiente, é muito comum encontrarmos os sorotipos na água, no solo, nas fezes dos animais, insetos e ratos e nas superfícies de equipamentos e utensílios de fábricas e cozinhas.

Esta adaptação genética permite uma vasta gama de reservatórios e fontes de transmissão que contribuem para a alta prevalência da infecção humana, já que permite que diversos alimentos possam ser contaminados caso não haja a correta preparação e sanificação do local de manuseio e embalagem.

 

Riscos para a saúde humana

 

O principal risco para a saúde é a salmonelose. Alguns dos sintomas envolvidos na patologia são diarréia, febre, náuseas, e eventualmente, acompanhada de vômitos e cólicas abdominais. Esses sintomas começam a aparecer entre 12 e 72 horas após a infecção, podendo durar de 2 a 7 dias.

Os sintomas da salmonelose são relativamente leves e grande parte das pessoas acometidas se recuperam da doença sem necessidade de tratamento específico.

No entanto, em alguns casos, a infecção pode se espalhar dos intestinos para a corrente sanguínea e, assim, acometer outros órgãos do corpo tornado a infecção mortal.

Além desses incômodos causados pela salmonelose, um pequeno número de pessoas desenvolvem dor nas articulações, conhecida como artrite reativa, que pode durar meses ou anos e pode levar à artrite crônica, a qual é de difícil tratamento.

As contaminações por Salmonella vêm representando um grande risco para a saúde humana e animal, principalmente devido aos locais onde elas são encontradas e pela capacidade de sobreviverem a diferenças de temperaturas.

Nesses processos de contaminação, é fundamental identificar qual o sorotipo da Salmonella, uma vez que diferentes sorovariedades podem apresentar diferentes riscos aos seres humanos e animais, na medida em que alguns desses podem ser mais patogênicas em relação a outros.

(Veja também: O que causa as doenças transmitidas por alimentos).

 

Referências

 

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