Os testes rápidos são uma forma de obter resultados imediatos na testagem de pessoas para a COVID-19. Estes testes não necessitam de equipamentos sofisticados e são de fácil execução. Por este motivo, estão sendo largamente utilizados para o diagnóstico da COVID-19.

O QUE SÃO TESTES RÁPIDOS?

Os testes rápidos, que ficaram conhecidos no diagnóstico da COVID-19, são testes sorológicos. Estes testes podem identificar o antígeno ou os anticorpos produzidos pelo organismo quando em contato com o antígeno. 

Os testes rápidos mais comuns são os que detectam se o organismo está produzindo anticorpos (lgG e lgM) contra a proteína do vírus. Estes testes são realizados pela metodologia de imunocromatografia. A metodologia baseia-se na geração de cor através da reação entre o antígeno e o anticorpo.

As vantagens deste teste estão associadas a sua simplicidade, uma vez que não necessitam de equipamentos sofisticados e nem de laboratórios específicos para serem realizados. Além disso, estes testes são executados e fornecem resultados de forma rápida. Devido a praticidade e simplicidade do teste, eles podem ser transportados para regiões de difícil acesso.

As desvantagens do método estão relacionadas com a sua baixa sensibilidade. Estes testes, por avaliarem a presença de anticorpos, só podem ser aplicados após o período chamado de “janela imunológica”. Este período compreende o tempo entre a infecção e o início da produção dos anticorpos específicos para o antígeno presente. Logo, estes testes devem ser realizados a partir no início da produção dos anticorpos, que acontece cerca de 7 dias após a infecção, sendo melhor realizá-los a partir do 10° dia, para assegurar-se que existem anticorpos suficientes no organismos para serem detectados. Estes testes acabam impedindo que se tomem medidas preventivas de controle, aumentando a chance de contaminação de outras pessoas.

Os testes rápidos de anticorpos detectam se a pessoa teve ou não contato com o vírus, porém, como só podem ser aplicados após o início da produção dos anticorpos, o período de maior carga viral já passou e a pessoa pode ter contaminado outras.

Estes testes são realizados através do sangue, soro ou plasma. Apesar dos testes rápidos serem de simples execução, eles devem ser aplicados e os resultados interpretados por profissionais da área da saúde. 

 

CONFIABILIDADE DOS TESTES RÁPIDOS

Com a rápida disseminação do vírus SARS-CoV-2 pelo mundo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em meados de março de 2020, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 348/2020. Este documento estabelece regras temporárias com o objetivo de agilizar a avaliação de novos produtos, priorizando pedidos de registros de testes para detecção da COVID-19.

Com isso, a aquisição de testes de diagnóstico estrangeiros foi facilitada, uma vez que houve redução nas burocracias necessárias. Este fato fez com que alguns testes estrangeiros que não tinham o aval das autoridades sanitárias do seu país de origem, fossem aceitos pela ANVISA. 

Um estudo realizado na Universidade de Stanford, na Califórnia, avaliou a confiabilidade dos testes rápidos de uma fabricante chinesa. Um dos resultados do estudo mostrou que das 37 pessoas sabidamente contaminadas pela COVID-19 avaliadas, o teste apontou que apenas 25 delas estariam contaminadas, ou seja, uma sensibilidade menor que 70%.

Os testes desta fabricante já foram proibidos pelo governo chinês de serem exportados, uma vez que, foram observados problemas relacionados a precisão dos mesmos. Porém, antes desta proibição os testes já haviam sido enviados ao Brasil e uma empresa brasileira havia conseguido a autorização da ANVISA para comercializá-los. 

 

AFINAL, QUAL É O TESTE MAIS INDICADO PARA O DIAGNÓSTICO DA COVID-19?

O teste mais indicado para a detecção da COVID-19 é o teste molecular. Este teste é realizado pela técnica de RT-PCR, que baseia-se na detecção do material genético do vírus, seu RNA.

Estes testes possuem uma alta sensibilidade e especificidade, e por este motivo são considerados padrão-ouro no diagnóstico da COVID-19. Os testes moleculares, em geral,  são realizados através de amostras coletadas da nasofaringe e/ou orofaringe, logo, a coleta correta do material tem direta relação com o resultado da análise.

As análises de RT-PCR permitem a detecção do vírus na sua fase mais inicial e de maior carga viral, desta forma, é um método utilizado no diagnóstico da infecção na sua fase aguda. Por meio deste método detectamos se a pessoa está infectada no momento da coleta da amostra, podendo assim evitar que contamine outras. Isso se difere dos testes rápidos de anticorpos, onde avaliamos se a pessoa testada teve ou não contato com vírus, e isso não significa que ela ainda esteja infectada no momento da análise.

As análises de RT-PCR podem ser utilizadas tanto no diagnóstico da COVID-19 em humanos, como citado anteriormente, como também na investigação da presença do vírus SARS-CoV-2 em superfícies. Desta forma, esta análise nos permite agir preventivamente, gerenciando riscos, monitorando o ambiente e avaliando a eficácia de procedimentos de limpeza realizados.

REFERÊNCIAS:

ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA). Covid-19: saiba mais sobre testes rápidos. 2020. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/noticias?p_p_id=101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU&p_p_col_id=column-2&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_groupId=219201&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_urlTitle=covid-19-saiba-mais-sobre-testes-rapidos&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_assetEntryId=5855858&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_type=content>. Acesso em: 5 de mai de 2020.

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 348, de 17 de março de 2020. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/415899>. Acesso em: 5 de mai de 2020.

BENDAVID, E. et al. COVID-19 Antibody Seroprevalence in Santa Clara County, California. medRxiv, 2020.

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GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Covid-19: Amazonas recebe primeiro lote de testes rápidos comprados pelo Governo do Estado. 2020. Disponível em: <http://www.saude.am.gov.br/visualizar-noticia.php?id=4420>. Acesso em: 5 de mai de 2020.

GOVERNO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO. Nota Técnica n° 06/2020 de 31 de março de 2020. Apresenta a avaliação técnica e aplicabilidade dos testes diagnosticados laboratoriais para COVID – 19. Disponível em: <https://saude.es.gov.br/Media/sesa/coronavirus/Notas%20T%C3%A9cnicas/NOTA%20T%C3%89CNICA%20COVID.19%20N.%2006.20.%20Testes%20Laboratoriais.pdf>. Acesso em: 5 de mai de 2020.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Carta à sociedade gaúcha sobre os Testes de Diagnóstico para Detectar o Coronavírus “COVID-19”. 2020. Disponível em: <https://www.inova.rs.gov.br/upload/arquivos/202003/31193933-comite-cientificotestes-312marco2020.pdf>. Acesso em: 5 de mai de 2020.

Na terceira divisão. The Intercept Brasil, 4 de mai de 2020. Disponível em: <https://theintercept.com/2020/05/04/testes-coronavirus-importados-brasil-pouco-confiaveis/>. Acesso em: 5 de mai de 2020.