Muitos fatores podem influenciar o shelf life, sendo classificados, pelo IFST, em fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos são as propriedades do produto final, e incluem:

  • atividade de água (aw);
  • valor de pH e acidez total; tipo de ácido;
  • potencial redox ou valor redox (Eh);
  • oxigênio disponível;
  • nutrientes;
  • microbiota natural e contagens de microrganismos sobreviventes;
  • bioquímica natural da formulação do produto (enzimas, reagentes químicos);
  • uso de conservantes na formulação do produto (por exemplo, sal).

Os fatores intrínsecos são influenciados por variáveis, como o tipo de matéria-prima e qualidade microbiológica, e pela formulação do produto e estrutura.

Os fatores extrínsecos são os fatores que o produto final encontra a medida que ele se move através da cadeia alimentar, incluindo:

  • perfil de tempo-temperatura durante o processamento; variabilidade espacial de pressão;
  • controle de temperatura durante;
  • o armazenamento e distribuição;
  • umidade relativa (UR) durante o processamento, armazenamento e distribuição;
  • exposição à luz (UV e IV) durante o processamento, armazenamento e distribuição;
  • contagem microbiana ambiental durante o processamento, armazenamento e distribuição;
  • composição da atmosfera dentro das embalagens;
  • tratamento térmico posterior (por exemplo, reaquecendo ou cozinhando antes do consumo);
  • manuseio do consumidor.

 

Alterações microbiológicas

O crescimento de um microorganismo específico durante o armazenamento depende de vários fatores, sendo os mais importantes: a carga microbiana inicial no começo do armazenamento; as propriedades físico-químicas dos alimentos, como teor de umidade, pH e presença de conservantes; o método de processamento utilizado na produção dos alimentos; e o ambiente externo do alimento, como as composições de gás circundantes e a temperatura de armazenamento.

O crescimento de organismos de intoxicação alimentar, como as espécies Salmonella e Listeria monocytogenes, não é necessariamente acompanhado por alterações na aparência, odor, sabor ou textura que possa ser detectados pelos sentidos humanos e, consequentemente, representam um sério problema de saúde.

Em contrapartida, o crescimento de organismos de deterioração é, muitas vezes, rapidamente identificado por alterações sensoriais, por exemplo, o crescimento de fungos visíveis, geração de odores e sabores indesejáveis e mudanças na textura.

Otimizando o shelf life

Existe uma série de pontos na cadeia alimentícia, onde os fabricantes podem influenciar o mix de fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam o shelf life, incluindo:

• seleção e qualidade das matérias-primas;
• formulação do produto e elaboração;
• ambiente de processamento;
• técnicas de processamento e preservação;
• embalagem;
• armazenamento e distribuição;
• manuseio do consumidor

 

Importância das análises de microbioma para estudo de shelf life

Diferentes metodologias podem auxiliar na identificação do microbioma, incluindo técnicas de biologia molecular, genômica, sequenciamento de DNA e bioinformática (NEOPROSPECTA, 2017). Esses testes podem ser feitos em parcerias com universidades, centros de pesquisas ou empresas privadas.

Ao avaliar o microbioma é possível estabelecer melhores processos de produção, embalagens e armazenamento, garantindo um resultado positivo em seu teste de eficiência, ou seja no aumento da shelf life do produto (ARAMOUNI; DESCHENES, 2015b; MARCHESI, 2014).