Num trabalho publicado pela International Agency for Research on Cancer (IARC RC), cinco micotoxinas produzidas por fungos foram consideradas de maior risco à saúde humana e animal. Estas toxinas são: aflatoxinas (AFLA), ocratoxina A (OTA), zearalenona (ZON), desoxinivalenol (DON) e fumonisinas (FUMO).
Aflatoxinas (AFLA)
Uma série de aflatoxinas são produzidas por fungos, destacando–se B1, B2. A aflatoxina B1 é a mais tóxica das aflatoxinas, causando uma variedade de efeitos adversos e, em alguns casos podem ser letais, em diferentes espécies animais e humanos.
O fígado é o principal órgão atingido após uma ingestão aguda por aflatoxinas, sendo as mesmas encontradas também em outros tecidos animais e produtos, como carne, milho e ovos. As aflatoxinas M1 e M2 são metabólitos hidroxilados das aflatoxinas B1 e B2 e podem estar presentes no leite e produtos derivados obtidos de animais que ingeriram ração contaminada com estas aflatoxinas.
Em aves as aflatoxinas causam danos ao fígado, prejuízo na produtividade e eficiência reprodutiva, decréscimo na produção de ovos, qualidade inferior da casca do ovo, qualidade da carcaça inferior e aumento na susceptibilidade às doenças.
Os suínos são menos sensíveis do que as aves. A aflatoxina é hepatotóxica e os seus efeitos crônicos em suínos são largamente atribuídos ao dano no fígado.
Em gado, o sintoma primário é a redução no ganho de peso, bem como nos danos ao fígado e rim. Além disso, a produção do leite é reduzida.
Alguns fungos produtores de aflatoxinas são os Aspergillus flavus, produtores de aflatoxinas do grupo B e algumas vezes ácido ciclopiazônico (CPA), Aspergillus parasiticus e Aspergillus nomius, produtores de aflatoxinas do grupo B e G e não produtoras de CPA (Klich & Pitt, 1988; Pitt, 1993; Saito et al., 1989; Kurtzman et al., 1987).
Ocratoxina (OTA)
A ocratoxina é uma potente micotoxina nefrotóxica que pode causar câncer em animais de laboratório e em suínos.
Os danos e o efeito letal podem variar de acordo com o animal e o tipo de ingestão. Alguns animais são mais sensíveis à OTA, como os cães e porcos, por exemplo.
Até recentemente, a produção de ocratoxina A estava restrita à Aspergillus ochraceus, Aspergillus Circumdati e Penicillium verrucosum. Recentemente, o número de trabalhos sobre a produção de ocratoxina A pelos membros de Aspergillus section Nigri tem aumentado, desde a sua primeira publicação em 1994 por Abarca et al. (1994).
Dentre as 15 espécies de Aspergillus section Nigri estudadas por Samson et al. (2004), somente quatro espécies foram confirmadas como produtoras de ocratoxina A: Aspergillus carbonarius, Aspergillus niger, Aspergillus lacticoffeatus e A. sclerotioniger.
Dentre as espécies de Penicillium, P. verrucosum é a maior fonte de ocratoxina A, sendo esta espécie mais comum em países de climas temperados e frios, enquanto que A. ochraceus, A carbonarius e outras espécies do grupo A, são mais comuns em climas tropicais e quentes. Outra espécie de Penicillium produtora de ocratoxina A é P. nordicum.
Desoxinivalenol (DON)
O desoxinivalenol provavelmente é a micotoxina mais largamente distribuída em alimentos e rações (Miller, 1995). O animal doméstico mais afetado é o suíno.
A toxicose aguda é manifestada como uma desordem intestinal. O DON, raramente causa uma toxicidade aguda porque a sua presença na ração faz o animal rejeitar a ração.
Este efeito resulta no decréscimo do crescimento do animal, além dos efeitos reprodutivos incluindo o aborto e o nascimento enfraquecido. As aves são mais tolerantes do que os suínos quanto à presença de DON na dieta, embora a qualidade do ovo e o peso possam ser reduzidos.
O gado também é mais tolerante do que os suínos, possivelmente devido à degradação da toxina em metabólitos secundários no rúmem.
Os efeitos no gado incluem redução no consumo da ração e taxa de concepção. Os grãos naturalmente contaminados com o DON podem afetar a produção de leite.
Desoxinivalenol é comum em grãos como trigo, cevada, aveia, centeio, milho e sorgo e sua ocorrência está associada primariamente com Fusarium graminearum e F. culmorum, ambos são fungos fitopatógenos que causam fusariose.
Zearalenona (ZON)
A zearalenona ocorre principalmente, no milho contaminado por Fusarium graminearum e F. culmorum. Esta toxina é um análogo do estrógeno e causa o hiperestrogenismo em suínos fêmeas.
Em gado os efeitos reprodutivos são menos pronunciados do que em porcos, mas afetam a fertilidade, causa um desenvolvimento atípico secundário nas características sexuais de novilhos e decréscimo na produção do leite (Prelusky et al., 1994).
Fumonisinas (FUMO)
As fumonisinas são produzidas por Fusarium verticillioides, F. proliferatum e várias outras espécies de Fusarium menos comuns.
As fumonisinas têm sido encontradas como um contaminante comum de alimentos e rações à base de milho nos EUA, China, Europa, África do Sul e América do Sul (Miller, 1995). A alimentação de ração à base de milho contaminado com Fusarium verticillioides tem sido associada às elevadas taxas de câncer esofágico em Transkei por mais de 15 anos e este fato tem sido diretamente ligado à exposição à fumonisina (Thiel et al., 1992).
A doença dos equinos leucoencefalomalácea (LEME) tem sido reconhecida estar associada com o milho contaminado por F. verticillioides.
A LEME causa uma necrose líquifácea massiva dos hemisférios cerebrais, assim a doença envolve manifestações neurológicas incluindo movimentos anormais.