Se você ainda se confunde com as definições e conceitos sobre termos técnicos usados na área da saúde, como surto, epidemia, contaminação, intoxicação, preparamos aqui um apanhado geral para esclarecer quando e como usar os termos técnicos corretos.
Colonização
É a presença permanente ou transitória de qualquer micro-organismo aderido à pele ou às membranas mucosas do hospedeiro, dissociada de sinais ou sintomas de doença infecciosa. A colonização é apenas uma evidência microbiológica ou sorológica sem expressão patológica, que, em alguns casos, é referida como infecção inaparente, infecção subclínica ou infecção assintomática.
Contaminação
Presença de agente infeccioso na superfície do corpo, no vestuário e nas roupas de cama, em brinquedos, instrumentos cirúrgicos, em outros objetos inanimados e em substâncias como água, leite e alimentos.
Epidemia
É a ocorrência, em um grupo ou numa região, de casos da mesma doença (ou surto epidêmico) em número que ultrapassa claramente a incidência normal e são derivados de uma fonte comum ou que se propagou. O número de casos que caracteriza a presença de uma epidemia varia segundo o agente infeccioso, o tamanho e o tipo da população exposta, sua experiência prévia com a doença ou a ausência de casos anteriores, o tempo e o lugar da ocorrência. Uma epidemia pode ser considerada a agregação simultânea de múltiplos surtos em uma ampla zona geográfica e usualmente implica a ocorrência de um grande número de casos novos em pouco tempo. Todavia, pela sua conotação de “situação de crise” em função das metas e objetivos em saúde pública, uma epidemia não necessariamente é definida por um grande número de casos. Por exemplo, no cenário de erradicação da poliomielite aguda por poliovírus selvagem nas Américas, a ocorrência de um só caso confirmado define-se como epidemia.
Infecção
Penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo do homem ou de outro animal. Infecção Alimentar As infecções são transmitidas quando o indivíduo ingere o micro-organismo presente no alimento contaminado por micro-organismo(s) patogênico (s) e, dependendo da quantidade ingerida, causa doença. Alguns exemplos de infecções transmitidas por alimentos: salmonelose (causada pela bactéria Salmonella enteritidis); hepatite viral tipo A (causada pelo vírus da Hepatite A); toxoplasmose (causada pelo protozoário Toxoplasma gondii). Infecção Hospitalar É qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Considera-se infeção hospitalar: 1. Quando diagnosticada infecção comunitária e for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente; 2. Quando se desconhecer o período de incubação do micro-organismo, considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar 72 horas após a admissão. Também são consideradas aquelas infecções manifestadas antes de se completar 72 horas da internação, quando associadas a procedimentos invasivos diagnósticos e/ou terapêuticos; 3. As infecções no recém nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentárias e aquelas associadas à bolsa rota superior a 24 horas.
Intoxicação Alimentar
A intoxicação alimentar acontece quando o indivíduo ingere um alimento que contenha substâncias tóxicas liberadas pelo micro-organismo durante intensa proliferação no alimento (toxina), como bactérias e fungos. Exemplos de doenças: botulismo (causada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum); intoxicação estafilocócica (causada pela toxina produzida pela bactéria Staphylococcus aureus); aflatoxicose (causada pela toxina produzida por certas cepas dos fungos Aspergillus flavus e A. parasiticus). As intoxicações alimentares também podem ocorrer pela presença de outras substâncias químicas nos alimentos, como metais e poluentes ambientais, substâncias usadas no tratamento de animais, pesticidas usados inadequadamente e produtos químicos utilizados em limpezas.
Surto
É a ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados, ou seja, é a ocorrência de uma doença ou fenômeno restrito a um espaço extremamente delimitado. Para ser considerado surto, o aumento de casos deve ser maior do que o esperado pelas autoridades. Um surto baseia-se em evidência sistematicamente coletada, em geral, a partir dos dados de vigilância em saúde pública e eventualmente seguida de uma investigação epidemiológica que sugere uma relação causal comum entre os casos. Em teoria, um surto seria a expressão inicial de uma epidemia e, portanto, a identificação oportuna de um surto seria a maneira mais precoce de prevenir uma epidemia subsequente. Na prática, a identificação de surtos é uma atividade básica dos sistemas de vigilância e a investigação de surtos, um requisito importante para a implementação de medidas de prevenção e controle oportunas e efetivas em nível local.
Se você quer saber mais sobre infecções não deixe de ler nosso artigo O que são IRAS.
Referências
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. 2013-2015. Versão 1.1.
- Ministério da Saúde. Conceitos e definições em saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0117conceitos.pdf [Acesso em 08/09/2016].
- Organização Pan-Americana da Saúde. Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE): Investigação epidemiológica de campo: aplicação ao estudo de surtos. Brasília, DF. 2010.
- Santa Casa de Pelotas. CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Disponível em: http://www.santacasadepelotas.com.br/ensino/orient_ccih.pdf [Acesso em 08/09/2016].
Sobre a autora: Denise Faccin é bióloga bacharel pela Universidade Federal de Santa Maria e mestre em biologia vegetal pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é analista de marketing inbound da Neoprospecta Microbiome Technologies.