A Vigilância Epidemiológica disponibilizou os dados de incidência de surtos alimentares das doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) no Brasil (dados até Outubro/2015), e o local com mais casos de contaminação foi a Residência, liderando com 38,4% dos registros de surtos. Quer saber como podemos ter uma alimentação livre de contaminações e ficar fora destas estatísticas?

Existem vários tipos de micro-organismos presentes nos alimentos que temos em casa, alguns são bons, ajudam a produzir alimentos e bebidas, como o queijo e o iogurte.

Outros micro-organismos são ruins, responsáveis pelo forte cheiro de comida estragada, sabores duvidosos e que causam uma imagem repulsiva de comida apodrecida, mas estes não causam doenças. Existem ainda os tipos de micro-organismos que devemos temer: os micro-organismos patogênicos. Eles não possuem odor característico nem causam aparência feia nos alimentos, mas causam dores estomacais, vômito, diarreia, febre e até morte.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com a segurança dos alimentos que consumimos e preparamos em casa, elencou 5 regras muito importantes e super simples de serem seguidas para nos protegermos dos micro-organismos patógenos presentes na nossa casa, no nosso dia-a-dia.

1. Higienização das mãos

Pode até parecer algo óbvio, porém, essa atitude simples e rápida muitas vezes é negligenciada, podendo ter consequências bastante desagradáveis para nossa saúde. Segundo o Portal de Segurança Alimentar, é aconselhado que a higienização das mãos seja feita sempre antes da manipulação de alimentos, ao retornar ao local de manipulação após a saída deste e ao tocar o nariz, boca, olhos e outras partes do corpo. A higienização deve ser feita com água morna e sabão liquido (ou em pó), caso seja possível também é aconselhado o uso de um agente antibactericida que pode ser utilizado de forma separada ou incorporado ao sabão.

2. Separar a comida cozida da comida crua

Dados do Ministério da Saúde indicam que alimentos crus, como ovos e carnes vermelhas, são responsáveis em média, por 34,5% dos surtos de doenças transmitidas por alimentos que ocorrem no Brasil (ANVISA, 2009). Isso significa que a contaminação cruzada é um problema sério que exige uma atenção especial para que seja prevenida. Facas e outros talheres podem contribuir, e muito, para a contaminação cruzada, evitar a utilização do mesmo talher em alimentos crus e cozidos e mantê-los armazenados de forma separada pode diminuir bastante as chances de uma contaminação.

3. Sempre cozinhar bem os alimentos (dentro e fora)

Muitos microrganismos possuem uma certa resistência à temperatura, ou seja, caso não cozinhe em temperatura adequada você poderá estar consumindo um alimento com microrganismos patogênicos ativos, sendo um risco para sua saúde. Para evitar esta situação, é necessário que os alimentos sejam cozidos a pelo menos 70ºC por um certo período de tempo que pode variar de acordo com o alimento em questão. Um cozimento adequado consegue matar quase todos os micróbios perigosos. Estudos demonstram que cozinhar os alimentos a uma temperatura acima de 70° C garante um consumo mais seguro. Carne moída, almôndegas, grandes peças de carnes e aves inteiras requerem mais atenção neste caso.

4. Armazene os alimentos nas temperaturas ideais

Alguns microrganismos patogênicos são resistentes a temperaturas médias, porém, não suportam extremos. Por isso, para garantir a segurança de alimentos não contaminados, é necessário o cozimento acima de 70°C e congelamento abaixo dos 5°.

Assim que os alimentos estiverem cozidos refrigere rapidamente a temperaturas abaixo de 5°C. Deixar os alimentos fora da temperatura ideal por mais de duas horas aumenta as chances dos microrganismos presentes se desenvolverem. A temperatura dos alimentos prontos para serem servidos devem permanecer sempre acima dos 60°C.

Descongelar alimentos em temperatura ambiente não é recomendado! Descongele em local refrigerado (5°C) ou em microondas, caso ele seja posteriormente cozido.

5. Utilize água e alimentos não contaminados

É importante que a água usada para a higienização dos materiais da sua cozinha e das suas mãos na hora da preparação, esteja limpa. A água para o cozimento dos alimentos deve ser potável, para isso, a fervura e a filtração da água são procedimentos importantes nesse momento.

Tome cuidado também com a matéria prima usada, principalmente se você estiver preparando uma refeição com ingredientes crus como peixes, ovos e leite.

Confira abaixo o vídeo da OMS – 5 Chaves para a Segurança Alimentar:


Sobre a autora: Denise Faccin é bióloga bacharel pela Universidade Federal de Santa Maria e mestre em biologia vegetal pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é analista de inbound marketing da Neoprospecta Microbiome Technologies.