Neste artigo, você verá como a biologia molecular decifra as espécies vegetais e auxilia o desenvolvimento de produtos vegetais

 

Freqüentemente, há ambiguidade em torno de terminologias como “vegano”, “vegetariano”, “à base de plantas” e “substituto da carne”. Então, antes de falarmos sobre como a biologia molecular é aliada desses produtos, vamos entender a definição de cada uma delas.  

 

↠Vegano: produto que em sua produção não são utilizadas partes de animais, não são realizados testes neles, ou por uma variedade de razões incluindo preocupações com o bem-estar animal, preocupações ambientais, e motivos de saúde.

 

↠Vegetariano: produtos que não possuem em sua composição um ou mais insumos de origem animal. Distinção que se deve às diferentes vertentes dentro vegetarianismo (Ovolactovegetarianos, Lactovegetarianos, Ovovegetarianos).

 

↠Produto análogo de base vegetal: produto alimentício formulado com matéria-prima de origem vegetal, que guarda relação com o correspondente produto de origem animal regulamentado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (PORTARIA SDA/MAPA Nº 831, DE 28 DE JUNHO DE 2023*).

 

*A Portaria ainda está em consulta pública, mas já é um grande avanço para os produtos de alimentos análogos. 

 

O que a biologia molecular tem a ver com a diferenciação desses produtos?

 

Ensaios moleculares, como sequenciamento de DNA e técnicas de diagnóstico digital, revolucionaram nossa capacidade de determinar com precisão a composição de produtos à base de plantas e verificar a autenticidade dos ingredientes.

 

Industrialmente, além de identificar e validar as matérias-primas, a biologia molecular é uma grande aliada em outras etapas da produção. 

 

Aplicações da Biologia Molecular em indústrias a base de plantas

  • Detecção de Alergênico
  • Diversidade Genética  
  • Autenticação de espécies 
  • Descoberta de novos ingredientes
  • Detecção de OGM
  • Segurança dos alimentos prontos para o consumo

 

Dicas de pesquisas que correlacionam a biologia molecular na produção e utilização dos vegetais como base dos alimentos. 

 

A rastreabilidade é um requisito fundamental para garantir a qualidade de produtos alimentícios. A sua implementação na indústria envolve o desenvolvimento de sistemas de controle da matérias-primas, desde a sua entrada na cadeia de produção até a sua comercialização, garantindo a qualidade e confiabilidade dos alimentos tanto para o produtor como para o consumidor (Aschemann-Witzel et al., 2020).

 

Na produção de alimentos à base plantas a rastreabilidade pode ser feita para investigar a  incompatibilidade entre a origem do produto e a origem geográfica declarada no rótulo do alimento, a adulteração e contaminação do produto, a utilização de espécies ou variedades diferentes das declaradas no rótulo e o nível de aditivo permitido num determinado alimento (FANELLI et al., 2021). 

 

Métodos moleculares baseados na sequência de DNA representam uma ferramenta essencial para garantir o controle de qualidade dos produtos alimentares. Abordagens baseadas em PCR em tempo real e sequenciamento de nova geração (Next Generation Sequencing -NGS) se tornaram ferramentas eficientes na rastreabilidade de uma ampla gama de produtos alimentícios tanto frescos quanto processados. O uso dessas ferramentas é possível, pois o DNA é uma molécula estável presente em todos os organismos vivos. Cada organismo possui uma sequência de DNA única, o que permite diferenciar espécies e variedades. Além disso, o DNA também pode ser recuperado em quantidade suficiente em matrizes alimentares altamente processadas (FANELLI et al., 2021; ESPIÑEIRA; SANTACLARA, 2016).

 

Um exemplo da utilização dessa abordagem na produção de alimento a base de plantas é a detecção da presença de trigo comum (ou do tipo mole) em produtos à base de trigo duro, como massas ou pão de trigo duro. A presença de trigo comum pode ser feita pela detecção de uma sequência específica do genoma D, que está presente no trigo comum, mas ausente no trigo duro (Fanelli et al., 2021). Técnicas de biologia molecular também foram utilizadas na detecção de quinoa, arroz selvagem e grão de bico para comprovar a autenticidade de alimentos comercialmente disponíveis que indicavam a presença dessas espécies em seus rótulos (ZENG et al., 2023). 

 

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Dúvidas gerais:

 

Dúvida 01: É possível confirmar todas as espécies de vegetais que são componentes de um produto vegano? 

Resposta: Sim, nesse caso, a análise Food Defense – DNA de origem vegetal é bem aplicável, pois com uma única análise é possível dizer todas espécies de vegetais presentes em um produto.

E em associação com a Análise Food Defense – DNA de origem Animal – que detecta DNA de origem animal nas amostras, conseguiria-se confirmar se existe presença de carnes por exemplo em um hambúrguer vegano. 

 

Dúvida 2: É possível identificar a Presença de DNA da Planta que produz o LATEX?

Resposta: Sim, através da análise de sequenciamento de DNA Food Defense – DNA de origem vegetal, se houver presença de DNA da Planta Hevea brasiliensis, será identificado por sequenciamento de DNA.

Dúvida 3: É possível identificar trigo e amendoim em uma amostra de alimentos?

Resposta: Sim Detecção de Alergênicos (ingredientes vegetais que podem conter alérgenos (capazes de causar reações graves em pessoas susceptíveis imunologicamente) é possível através da análise de sequenciamento de DNA Food Defense – DNA de origem vegetal , que consegue detectar qualquer espécie vegetal presente na amostra. Que nesse caso se houver trigo e amendoim, com uma única análise é possível detectar os dois ingredientes, mesmo que em traços na amostra.

 

Referências

ZHENG, Q; YIN, X; YANG, A; YU, N; XING, R; CHEN, Y; DENG, R; CAO, J. Precise Authenticity of Quinoa, Coix Seed, Wild Rice and Chickpea Components Using Optimized TaqMan Real-Time PCR. Foods, [S.L.], v. 12, n. 4, p. 852, 16 fev. 2023. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/foods12040852.

 

ESPIÑEIRA, M.; SANTACLARA, F.J.. The Use of Molecular Biology Techniques in Food Traceability. Advances In Food Traceability Techniques And Technologies, [S.L.], p. 91-118, 2016. Elsevier. http://dx.doi.org/10.1016/b978-0-08-100310-7.00006-5.

 

 FANELLI, V; MASCIO, I; MIAZZI, M; SAVOIA, M; GIOVANNI, C de; MONTEMURRO, C. Molecular Approaches to Agri-Food Traceability and Authentication: an updated review. Foods, [S.L.], v. 10, n. 7, p. 1644, 16 jul. 2021. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/foods10071644.

 

ASCHEMANN-WITZEL, J; GANTRIIS, R; FRAGA, P; PEREZ-CUETO, F. Plant-based food and protein trend from a business perspective: markets, consumers, and the challenges and opportunities in the future. Critical Reviews In Food Science And Nutrition, [S.L.], v. 61, n. 18, p. 3119-3128, 13 jul. 2020. http://dx.doi.org/10.1080/10408398.2020.1793730.