A presença de biofilme influencia e afeta drasticamente a eficiência dos processos de higienização. 

 

Em sua maioria, microrganismos são mais vulneráveis em sua forma livre do que atuando na sua forma de biofilme.

Um estudo publicado em 2006 – intitulado Inibidores de Quorum-sensing como drogas anti-patogênicas – demonstrou que bactérias em biofilmes são até 1000 vezes mais resistentes a antibióticos do que em sua forma livre.

A remoção desses microrganismos é complexa e requer aplicação de forças mecânicas, calor e intervenções químicas – enzimas, detergentes, surfactantes, agentes sequestrantes, quelantes, desinfetantes, etc.

A higienização tem o objetivo de preservar a qualidade microbiológica dos produtos e o funcionamento de equipamentos industriais.

 

Como o biofilme afeta o processo de higienização ?

 

A adesão na superfície inicia com a utilização de ferramentas próprias do microrganismo, como os flagelos, fímbrias e pili, que são prolongamentos das células que as fixam na superfície e também em outras células.

O processo continua até a formação de um aglomerado microbiano, então, expõem sua matriz de polímeros extracelulares para fora de sua membrana externa e, a partir de um aglomerado de outras células, constroem o biofilme, multiplicando e se espalhando pela superfície aderida.

Diversas espécies bacterianas são capazes de formar biofilme, e as que representam maior risco à saúde são:

Pseudomonas (aeruginosa/fragi/fluerescens) que estão relacionadas a pneumonias e contaminações hospitalares; Microccocus sp., Enterococcus faecium que estão ligadas a infecções como meningite neonatal; além de Listeria sp. e Salmonella sp. ,  e também Yersinia enterocolitica, Escherichia coli, Bacilus cereus, Staphylococcus aureus, Alcaligenes sp. e Flavobacterium sp..

 

Higienização em superfícies com biofilme

 

Segue alguns métodos utilizados em indústrias de alimentos:

  • Inspeções constantes e cumprimento de protocolos para as técnicas de limpeza e descontaminação (Procedimentos Operacionais Padronizados – POP);
  • O monitoramento da água utilizada nos processos de produção e limpeza, para que essa não tenha acúmulo de matéria orgânica;

Além desses, outros métodos incluem:

  • Substâncias químicas com propriedades antimicrobianas, tensoativas e dispersantes, cujos mecanismos de ação consistem em fragilizar a matriz polimérica dos biofilmes.

Mesmo com tantos mecanismos de precaução, eventualmente há formação de biofilmes. Por isso, em casos de suspeita da presença de biofilme, o método mais seguro é a rápida identificação.

 

Rastreabilidade e prevenção são as melhores estratégias.

 

Referências

 

TELLES, ESTELA MARASCHIN. A higienização na prevenção e no controle do biofilme : uma revisão. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. http://hdl.handle.net/10183/49297

LUANNE HALL-STOODLEY, J. WILLIAM COSTERTON, PAUL STOODLEY. Bacterial biofilms: from the Natural environment to infectious diseases. Nature Reviews Microbiology 2, 95–108 (2004) doi:10.1038/nrmicro821

APARNA VIDYASAGAR. What are biofilms?. LiveScience, December 21, 2016 10:10pm ET. Disponível em: https://www.livescience.com/57295-biofilms.html.

THOMAS B. RAMUSSEN, MICHAEL GIVSKOV. Quorum-sensing inhibitors as anti-pathogenic drugs, In International Journal of Medical Microbiology, Volume 296, Issues 2–3, 2006, Pages 149-161, ISSN 1438-4221, https://doi.org/10.1016/j.ijmm.2006.02.005.