Bactérias em refrigerantes podem ser identificadas devido a falhas no processo, qualidade da matéria-prima, falta de higienização, e muito mais.

 

Quimicamente, os refrigerantes podem ser definidos como: bebidas carbonatadas, não alcoólicas e não fermentadas tendo como sua base água, açúcar, CO2 industrialmente purificado e aromas.

Já que, a composição do refrigerante favorece a proliferação de alguns micro-organismos específicos, principalmente por bactérias e fungos tolerantes a ácidos, que utilizam os ingredientes da bebida como substrato para o crescimento.

Apesar da incidência de recall relacionados a refrigerantes serem baixas, quando comparado a outros alimentos, há uma grande preocupação com os riscos de contaminação microbiológica em bebidas carbonatadas.

Bactérias em refrigerantes brasileiros

Recentemente foi publicado um estudo na Archives of Microbiology relatando o perfil microbiológico de diferentes amostras de refrigerantes comercializados no Brasil e na Bolívia. A presença de alguns micro-organismos patogênicos ressalta a importância da verificação e do controle de qualidade em pontos específicos da produção. 

 

Silva & colaboradores, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e responsáveis por este estudo, avaliaram amostras de refrigerantes de diferentes sabores produzidos por indústrias parceiras. 

 

As amostras foram coletadas na embalagem original (PP- polipropileno e PET-poli(tereftalato de etileno)), para que não houvesse interferência de possíveis contaminações externas.

 

Os resultados demonstraram que tanto as amostras brasileiras como as bolivianas apresentaram uma variedade de micro-organismos.  

Percentual de micro-organismos identificados nas amostras

↠ 31,5% Bactérias Gram-positivas

↠ 25,0% Fungos filamentosos

↠ 18,7% Leveduras

↠ 12,5% Bactérias Gram-negativas

 

Os pesquisadores isolaram os seguintes micro-organismos nas bebidas brasileiras:

bactérias em refrigerantes

 

 

 

 

 

 

 

Os autores avaliaram ainda amostras de refrigerante estufadas e detectaram especialmente Bacillus sp., Brevibacillus sp. e Staphylococcus sp., gêneros reconhecidos por fermentar açúcares.

bactérias em refrigerantes

 

 

 

 

 

 

 

Nas amostras estufadas, dois resultados são alarmantes:

 

1.A presença do gênero Staphylococcus sp., bactérias Gram-positivas, anaeróbias facultativas, com espécies patogênicas produtoras de toxinas, e que não são inativadas por processos térmicos. Esse gênero pode ser evitado a partir da adequada higienização das mãos dos manipuladores e dos equipamentos.

2. Outro alerta é a presença de Penicillium sp., que são produtores de esporos, e podem ser encontrados no ar, onde encontram condições viáveis para o crescimento.

 

Mas, a maior preocupação foi a identificação de Bacillus sp. tanto em amostras de aparência normal, como estufadas. Nem todas as espécies são patogênicas, mas B. cereus é conhecida por  produzir 2 tipos de enterotoxinas, diarreica e emética, responsáveis por doenças transmitidas por alimentos.

 

Ações básicas e essenciais podem ser citadas para prevenir as contaminações por B. cereus:

  Manipulação adequada dos alimentos

Saúde e higiene dos manipuladores

 Adequado transporte, armazenamento e exposição dos alimentos nos locais de venda

 

Nas indústrias brasileiras também foram coletadas amostras no ambiente de processamento, nas quais foram detectados Mycobacterium mucogenicum e Pseudomonas putida. Também foram analisadas as matérias-primas (polpa de frutas, água), na qual também foi detectada uma carga microbiana similar ao que foi reportado no produto final. 

 

Assim, os autores concluíram que a base da contaminação encontrada vem do solo e da água. Nesse contexto, matérias-primas mal higienizadas podem ser a causa raiz da contaminação. Mas análises de rastreabilidade e avaliação dos riscos da cadeia, podem ser usadas para identificar com precisão essas contaminações. 

 

Vale ressaltar ainda a importância e a necessidade em ter controle de qualidade em todo o processo. Falhas na produção intensificam o surgimento de micro-organismos deteriorantes, que são reflexo do controle insuficiente do processo.

Assim como nesse estudo, o time da Neoprospecta identificou  micro-organismo estava ocasionando a alteração em suco de laranja. Utilizando o Diagnóstico Microbiológico Digital, a partir do sequenciamento de DNA, foi detectada a causa raiz da contaminação, e sugerida as ações corretivas.

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Referência

Silva, M.M.N.; Holanda, V.L.; Pereira, K.S.; Coelho, M.A.Z.; Microbiological contamination profle in soft drinks. Archives of Microbiology, 204:194, 2022. Acesso em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35217916/