A validação da higienização industrial tem importância crítica e serve como uma prova documentada garantindo a eficiência da limpeza e dos produtos com limites pré-estabelecidos usados em sistemas e equipamentos industriais (alimentos, biotecnológicas ou farmacêuticas).

É importante que a validação assegure que os resíduos do processo produtivo e da etapa de higienização não se transformem em contaminantes ou adulterem de forma adversa a segurança e a qualidade do próximo produto fabricado (HAIDER; ASIF, 2010).

 

Como a biologia molecular contribui para a validação da higienização industrial?

É importante que seja dado  atenção especial a validação dos métodos através do uso de testes analíticos confiáveis, bem como dos sistemas automatizados e aos procedimentos de limpeza adotados (HAIDER; ASIF, 2010).

A presença dos microrganismos após o procedimento de limpeza é um indicador importante continuamente acompanhado no processo de validação da higienização.

A confiabilidade dos resultados das análises microbianas depende do quão representativa é a amostra comparada com a superfície e da precisão do método aplicado, justificando o uso da biologia molecular como um recurso essencial por ser uma tecnologia que disponibiliza métodos precisos e rápidos (SALO; FRIIS; WIRTANEN, 2008).

 

Exemplos do uso da biologia molecular nos processos de validação da higienização industrial

Patógenos: Para que a biologia molecular possa rastrear um patógeno é necessário que a amostra seja representativa. É  importante lembrar que não adianta apenas fazer o rastreamento do patógeno contaminante comparando as impressões digitais (Fingerprints) de várias amostras, pois isso não levará necessariamente à fonte de contaminação  (SALO; FRIIS; WIRTANEN, 2008).

Resistência aos biocidas: Algumas indústrias já estão associando a investigação da causa da exposição dos patógenos aos biocidas devido ao aumento da resistência antimicrobiana. Dessa maneira é possível fazer uso da biologia molecular para avaliar as habilidades de adaptação das diferentes espécies isoladas na indústria de alimentos em relação as formulações usadas no processo de higienização industrial (DONAGHY et al., 2019).

Resistência a antibióticos: Outra preocupação que vem crescendo na indústria de alimentos é em relação a presença de bactérias resistentes a antibióticos, como por exemplo Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e Enterococcus spp resistente à vancomicina. (VRE). A identificação dessas bactérias já relatadas na cadeia de alimentos e a estreita relação genética entre isolados clínicos servem de alerta para agências reguladoras, setores agrícolas e para a indústria de alimentos. Além disso a exposição excessiva aos processos de higiene industrial  bem como a formação de biofilmes nas tubulações podem favorecer a sobrevivência desses microrganismos indesejáveis (ALONSO et al., 2019).

O uso de uma tecnologia tão eficiente como a biologia molecular contribui para que as indústrias evitem a proliferação rápida de microrganismos, bem como a formação de biofilmes em suas tubulações e superfícies e a contaminação do produto final, evitando assim recall dos produtos e garantindo a segurança dos consumidores finais.

 

Referências

ALONSO, V. P. et al. Klebsiella pneumonia carbapenemase (KPC), methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA), and vancomycin-resistant Enterococcus spp. (VRE) in the food production chain and biofilm formation on abiotic surfaces. Current Opinion in Food Science, [s. l.], v. 26, p. 79–86, 2019. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2214799319300189

DONAGHY, J. A. et al. Relationship of Sanitizers, Disinfectants, and Cleaning Agents with Antimicrobial Resistance. https://doi.org/10.4315/0362-028X.JFP-18-373, [s. l.], v. 82, n. 5, p. 889–902, 2019. Disponível em: http://jfoodprotection.org/doi/10.4315/0362-028X.JFP-18-373

HAIDER, S. I.; ASIF, E. S. (EDS.). CLV-2. Introduction. In: Cleaning Validation Manual. [s.l.] : CRC Press, 2010. p. 9–12.

SALO, S.; FRIIS, A.; WIRTANEN, G. Cleaning validation of fermentation tanks. Food and Bioproducts Processing, [s. l.], v. 86, n. 3, p. 204–210, 2008.