Escherichia coli é uma bactéria gram-negativa normalmente caracterizada por causar modificações negativas aos alimentos e danos à saúde do consumidor.
Mas, você sabia que tem uma cepa de E.coli conhecida por seus benefícios para a saúde, atuando com função probiótica?
Antes de falar dessa bactéria em específico, entenda o que são os probióticos.
O que são probióticos?
Um dos desafios dos cientistas é identificar micro-organismos que possam ser úteis para serem incorporados nos sistemas de produção de alimentos e fármacos.
Dentro desse contexto, tem-se os probióticos que são suplementos dietéticos de micro-organismos vivos ou componentes de células microbianas. Esses seres vivos, quando ingeridos em quantidades suficientes, trazem benefícios à saúde.
O avanço nas tecnologias e nos estudos científicos permite que novas cepas sejam descobertas. Dessa forma, novos probióticos são apresentados na literatura com funções inovadoras e benefícios à saúde.
O uso mais comum de micro-organismos probióticos tem sido em produtos lácteos – leites fermentados, sorvetes e queijos. Mas também estão disponíveis para consumo na forma de cápsulas e em pó.
As bactérias ácido lático são as principais representantes dos probióticos em alimentos e produtos farmacêuticos. Dentre essas podemos incluir muitas espécies de Lactobacillus, Bifidobacterium, Streptococcus e ainda algumas cepas não patogênicas de Escherichia coli (CABRÉ e GASSULL, 2007).
Escherichia coli como probiótico?
A Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria naturalmente presente no intestino de humanos e animais.
Algumas cepas de E. coli podem causar infecções no trato digestório e urinário. Essas infecções são causadas a partir da ingestão de água e alimentos contaminados, o que torna a E.coli um alerta para as indústrias de alimentos.
Apesar dessa preocupação, uma cepa de E. coli pode ser utilizada de forma benéfica na indústria de alimentos, é a Escherichia coli Nissle 1917 (EcN).
O probiótico E. coli Nissle 1917 (EcN) tem sido aplicado em tratamentos clínicos humanos e veterinários para aliviar distúrbios intestinais, como colite ulcerativa e doença inflamatória intestinal (Heselmans et al., 2005).
Onde se aplica a Escherichia coli Nissle 1917?
De acordo com Souza 2013, a Escherichia coli Nissle 1917 (EcN) merece grande destaque, devido ao seu efeito probiótico comparável ao da droga de tratamento da murino de colite branda ou moderada.
Além do efeito benéfico, a partir da ingestão de alimentos probióticos, a EcN pode ser utilizada de outras formas dentro da indústria de alimentos.
Por exemplo, a EcN pode ter interações moleculares com bactérias patogênicas e combater a formação de biofilmes. Os biofilmes são formados por uma comunidade de bactérias de diferentes graus de complexidade, que estão associadas a superfícies diversas.
Devido a essa aderência as superfícies, os biofilmes são uma preocupação tanto do ponto de vista de segurança dos alimentos quanto financeiro. Esse tipo de comportamento aumenta o risco de contaminação do produto e do consumidor.
Fang, Jin & Hong (2017) relataram a eficiência do probiótico EcN em inibir a formação de biofilmes formados por patógenos. Dentre os patógenos analisados, foi comprovada a eficácia na inibição de E. coli enterohemorrágica O157:H7, Staphylococcus aureus e S. epidermidis.
Falando da ingestão de micro-organismos probióticos, a EcN não é comumente utilizada no desenvolvimento desses produtos, sendo as bactérias ácido lático as mais comuns, como mencionado anteriormente.
Mas quando surge uma nova cepa, como no caso da Escherichia coli Nissle 1917, como avaliar e afirmar que ela é probiótica?
Critérios de avaliação de micro-organismo probiótico
De acordo com Blinda et al., 2020 para que o micro-organismos seja considerado probiótico quatro critérios devem ser avaliados:
1º) As cepas devem ser suficientemente caracterizadas (identificação e comparação com cepas presentes em banco de dados);
2º) Segura para o uso pretendido;
3º) Apoiada por pelo menos um ensaio clínico humano positivo conduzido de acordo com recomendações e disposições da ANVISA;
4º) Viva no produto em uma dose eficaz ao longo da vida de prateleira
A implementação desses critérios garante o uso adequado da palavra probiótico em publicações científicas, rótulos de produtos e adequações com os órgãos reguladores.
Cada um desses critérios foi abordado em detalhes no bate-papo sobre “Biotecnologia aplicada à alimentos probióticos: do laboratório à indústria”
Confira na íntegra AQUI.
Probióticos: caracterização de cepas
A identificação de cepas probióticas implica em determinar a qual gênero e espécie pertence o micro-organismo, e correlacionar com as características desses seres vivos presentes em bancos de dados.
Essa caracterização é primordial para escolha da cepa probiótica, uma vez que algumas atividades probióticas podem ser específicas da cepa.
O sequenciamento do DNA ribossômico 16S é uma maneira bem conhecida e confiável de identificar espécies, assumindo que as sequências de referência são confiáveis e seguras para que possam ser usadas.
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Referência
Binda S, Hill C, Johansen E, Obis D, Pot B, Sanders ME, Tremblay A and Ouwehand AC (2020) Criteria to Qualify Microorganisms as “Probiotic” in Foods and Dietary Supplements. Front. Microbiol. 11:1662. Acesso em: DOI 10.3389/fmicb.2020.01662
Heselmans, M. et al. Gut fora in Health and disease: potential role of probiotics. Curr. Issues Intest. Microbiol. 6, 1–7 (2005).
Souza, E.L.S. Efeito probiótico da bactéria escherichia coli linhagem nissle 1917 em modelo murino de colite ulcerativa induzida por sulfato de sódio dextrano (dss). Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. 2013.