Os principais contaminantes dos grãos armazenados são insetos-praga, fungos, micotoxinas e resíduos de agrotóxicos. A contaminação ocorre durante o processo de produção, na lavoura e durante o armazenamento. Mas também pode seguir por todas as etapas de processamento do grão.
O processo de contaminação por fungos, por exemplo, começa ainda no campo, principalmente durante a fase de maturação fisiológica do grão, e passa para as etapas seguintes: colheita, secagem, armazenamento, transporte e processamento.
Os fungos produzem micotoxinas e os grãos contaminados ficam desvalorizados, pois sofrem alteração da cor, degradação de proteínas, de carboidratos e de açúcares.
Exportação em risco
Segundo a Embrapa, a Europa é um dos compradores mais exigentes do mundo, não admitindo um nível de contaminação superior a quatro nanogramas. Países como Brasil, Argentina e Estados Unidos já admitem até cinco vezes acima desse patamar.
Nos Estados Unidos há uma legislação específica que determina a destinação do milho, por exemplo, de acordo com seu grau de contágio: até 20 nanogramas o grão pode ser destinado ao consumo humano.
Biologia molecular para prevenção e deteção de contaminantes em grãos
Um dos microrganismos perigosos para os grãos é o Aspergillus flavus, fungo que produz a aflatoxina, que é resistente ao tratamento com fungicidas.
Além disso, a micotoxina é altamente contagiosa e pode ocorrer em qualquer momento do processamento: do plantio à industrialização, passando pela colheita, armazenamento e transporte.
Atualmente são conhecidas mais de 400 micotoxinas. As principais que afetam os grãos de milho e sorgo são as aflatoxinas, as fumonisinas, os tricotecenos (que são o maior grupo de micotoxinas conhecidos) e a zearalenona.
Uma das formas de identificação de fungos por biologia molecular é utilizando o sequenciamento de alto desempenho da região ITS1.
As sequências que passam pelos procedimentos iniciais são agrupadas em filotipos/clusters, seguindo para identificação taxonômica, por comparação com banco de dados de sequências acuradas de ITS (NeoRef, Neoprospecta Microbiome Technologies, Brasil).
A escolha do método molecular para identificar fungos deve ser baseada na sua alta reprodutibilidade, análise de custos e alta taxa de genotipagem.
Os métodos moleculares podem contribuir na identificação dos atributos dos fungos (variação genômica, fatores estruturais e funcionais); auxilia na construção de mapas genéticos; fornecem resultados importantes sobre a história evolutiva dos fungos e auxiliam na identificação de biomoléculas e micotoxinas.